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Paciência em Tempos de Pressa

9/9/20252 min read

Vivemos em uma era marcada pela pressa. A rotina moderna, repleta de compromissos, cobranças e prazos, parece nos empurrar para uma corrida constante contra o tempo. Esse ritmo acelerado alimenta a ansiedade e a impaciência, tornando-se fonte de desequilíbrio não apenas físico e emocional, mas também espiritual. O que deveria ser uma vida plena e significativa, muitas vezes se transforma em uma sucessão de urgências que nos roubam a serenidade.

A ansiedade, caracterizada pela inquietação diante do futuro, e a impaciência, fruto da dificuldade em esperar, são sintomas de uma sociedade que perdeu o contato com o silêncio, a pausa e a contemplação. Essa falta de tempo e excesso de pressa refletem-se em nossas relações: escutamos menos, interrompemos mais, e deixamos de oferecer a presença verdadeira que sustenta os vínculos humanos. O bem-estar espiritual, nesse contexto, também é afetado, pois deixamos de perceber a vida em sua profundidade, limitando-nos à superfície do imediatismo.

Do ponto de vista espírita, a paciência é mais do que uma qualidade desejável: é uma virtude essencial para a evolução da alma. “A paciência é a resignação da alma que sabe confiar em Deus”, ensina a Doutrina, convidando-nos a compreender que cada experiência, desafio ou demora tem seu tempo justo no fluxo divino da vida. Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. IX), Allan Kardec recorda que “a paciência é também uma caridade”, pois nos ensina a suportar as contrariedades com serenidade, sem ferir a nós mesmos nem ao próximo.

A impaciência nasce do orgulho que quer controlar tudo segundo a própria vontade; já a paciência é um exercício de confiança, de entrega ao tempo de Deus. Quando aprendemos a cultivar essa virtude, abrimos espaço para a paz interior, fortalecemos nossa resiliência e passamos a viver de modo mais harmonioso, tanto conosco quanto com os outros.

O Espiritismo oferece ferramentas práticas para esse cultivo:

  • A prece, que nos liga às esferas superiores e pacifica os pensamentos agitados;

  • O estudo doutrinário, que esclarece sobre o valor educativo das provas e fortalece nossa fé;

  • A prática da caridade, que desloca o foco de nossas ansiedades para o serviço ao próximo, gerando alívio e propósito;

  • A meditação sobre a vida espiritual, que relativiza os sofrimentos presentes e nos lembra da eternidade da alma.

Ao integrar essas práticas no cotidiano, podemos reencontrar o equilíbrio interior em meio ao turbilhão da vida moderna. A paciência, então, deixa de ser mera espera passiva e se torna força ativa de confiança, fé e perseverança.

Em um mundo que exige pressa, cultivar paciência é um ato de coragem espiritual. É escolher caminhar no ritmo do amor e da confiança em Deus, sem deixar que o barulho exterior abafe a serenidade interior.